Elefante branco

A obra Elefante branco, de Edmar Almeida, aborda por meio da técnica da xilogravura quatro conjuntos de imagens que apresentam as consequências das ações urbanas instauradas nas grandes cidades. Inspirado no prédio do INSS de Bauru, o conjunto das gravuras busca traduzir em imagens os sentimentos e percepções do artista sobre a edificação.

O prédio do INSS de Bauru, que muitas vezes é tratado localmente como um “elefante branco”, devido à sua grande estrutura e à percepção de inutilidade ou de abandono, atuou como símbolo forte na obra de Edmar Almeida. A expressão “elefante branco” é comumente usada para descrever projetos caros que falham em entregar os benefícios prometidos, e esse sentimento é palpável por meio dos recursos da xilogravura: ao abordar facetas do edifício obtidas com registros fotográficos, em seus diferentes ângulos e particularidades gráficas, não necessariamente encontradas nas imagens, o artista vai revelando e exprimindo sobreposições de matrizes para o processo da obra.

As gravuras, com suas linhas detalhadas e contrastes marcantes, consegue transmitir tanto a grandiosidade quanto a decadência do edifício. A escolha da xilogravura, processo impregnado na biografia do artista e que consiste em uma técnica tradicional que remonta há séculos, adiciona uma camada de profundidade e respeito pela história da arte, ao mesmo tempo em que faz uma crítica contemporânea.

Assim, Elefante branco não é apenas uma representação literal do prédio, mas uma interpretação artística que convida o observador a refletir sobre a função e o legado dos espaços urbanos, retirando o edifício de uma situação de possível desdém e convertendo-o em uma peça de arte que provoca diálogo e introspecção.

Desta forma, a obra se apresenta como mais do que um simples conjunto de gravuras: é uma análise visual e crítica de um marco urbano bauruense que agrega temas como a utilidade, o desperdício e a memória coletiva estabelecida em torno do prédio do INSS.

Edmar Almeida

fotos: Marilia Vasconcellos